Círculo Vicioso - Machado de Assis
Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
"Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
que arde no eterno azul, como uma eterna vela!"
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:
" Pudesse eu copiar o transparente lume,
Que, da grega coluna à gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela!"
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:
"Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade mortal, que toda luz resume!"
Mas o sol inclinando a rútila capela:
"Pesa-me esta brilhante auréola de nume...
Enfara-me esta azul e desmedida umbela...
Porque não nasci eu um simples vaga-lume?"
Outro dia ao reler esse soneto machadiano que retrata a tão constante insafistação, vício humano presente em todos os meios de sua ação, lembrei de um texto do meu querido Mestre DeRose que está no seu livrão (saiba que essa definição não se deve somente ao seu tamanho físico mas ao seu conteúdo excepcionalmente completo e absolutamnte necessário para quem conhece, para quem diz conhecer e para os querem conhecer o Yôga).
Esse texto fala sobre o descontentamento...o título é uma reação a esse modus vivendi: Não seja um descontente.
O Mestrão diz assim:
"Observe que raríssimas são as pessoas que estão satisfeitas com seus mundos. Em geral, todos tem reclamações do seu trabalho, dos seus subalternos e dos seus superiores; da sua remuneração e do reconhecimento pelo seu trabalho; reclamações dos seus pais, dos seus filhos, dos seus cônjuges, do seu condomínio, do governo do seu País, do seu Estado, da sua cidade, da polícia, da Justiça, do departamento de trânsito, dos impostos, dos vizinhos mal-educados, os motoristas inábeis, dos pedestres indisciplinados... Quanta coisa para reclamar, não é?"
Afffffffff....
Assim o desespero, o desânimo, a insatisfação tomam conta das vidas, dos sentimentos, dos pensamentos e das AÇÕES humanas...
Mas o que fazer?
Que tal seria converter esse círculo vicioso e um círculo virtuoso?
"A solução não é reclamar das pessoas e das circunstâncias para tentar mudá-las e sim EDUCAR-SE A SI MESMO PARA ADAPTAR-SE. A atitude correta é parar de querer infantilmente que as coisas se modifiquem para satisfazer ao seu ego, mas sim MODIFICAR-SE A SI MESMO PARA AJUSTAR-SE À REALIDADE. Isso é maturidade."
"Vamos aceitar as pessoas e as coisas como elas são. E vamos tratar de gostar delas. Você vai notar que elas passam a gostar muito mais de você e as situações que antes lhe pareciam inamovíveis, agora se modificam espontaneamente, sem que você tenha de cobrar isso delas. Experimente. Você vai gostar do resultado!"
Vai mesmo!!!!
Mude seu foco, altere sua maneira de perceber a realidade. Você constrói seu próprio mundo, aprenda a amá-lo e mude o que pode ser mudado. Comece descruzando os braços, parando de se lamentar e agindo!
"Há os que se queixam do vento. Os que esperam que ele mude. E os que procuram ajustar as velas". William G. Ward
"Lamento em ti, não tuas penas, mas as tuas lamentações". DeRose
DeRose. Tratado de Yôga. Não seja um decontente. SP: DeRose Editora, 2007, p.723-724.
Nenhum comentário:
Postar um comentário