
"Se a Revolução Francesa devesse repetir-se eternamente, a historiografia francesa se mostraria menos orgulhosa de Robespierre. Mas como ela trata de uma coisa que não voltará, os anos sangrentos não são mais mais que palavras, teorias, discussões - são mais leves que uma pluma, já não provocam medo. Existe uma enorme diferença entre um Robespierre que não aparece senão uma vez na história e um Robespierre que voltasse eternamente cortando as cabeças dos franceses"
"O mito do eterno retorno nos diz, por negação, que a vida vai desaparecer de uma vez por todas, e que não mais voltará, é semelhante a uma sombra, que ela é sem peso, que está morta deste hoje, e que, por mais atroz, mais bela, mas esplêndida que seja, essa beleza, esse horror, esse esplendor, não tem o menos sentido"
"No mundo do eterno retorno, cada gesto carrega o peso de uma insustentável leveza. O eterno retorno é o mais pesados dos fardos. Então, nossas vidas, sobre esse pano de fundo, podem aparecer em toda sua esplêndida leveza"
"Será atroz o peso e bela a leveza?
Na poesia amorosa de todos os séculos, a mulher deseja receber o peso do corpo masculino. O fardo mais pesado é, portanto, ao mesmo tempo a imagem da mais intensa realização vital. Quanto mais pesado o fardo mais real e verdadeira é nossa vida."
"Parmênides - 6º século A.C. - Segundo ele, o universo está dividido em duplas de contrário: luz e escuro, grosso e fino, ser e não-ser, quente e frio. Considerava que um dos pólos da contradição é positivo (claro, quente, fino, ser), o outro, negativo. Parece pueril. Mas o que é positivo, o peso ou a leveza? Para ele seria o leve o positivo, e o pesado negativo. Teria razão? Essa é a questão. Uma coisa é certa. A contradição pesado-leve é a mais misteriosa e ambígua de todas as contradições"
"Tudo é vivido uma vez e sem preparação. Como se um ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas do que pode valer a vida, se o primeiro ensaio já é a própria vida? É isso que faz com que a vida pareça sempre um esboço, No entanto, mesmo "esboço" não é a palavra certa, porque um esboço é sempre um projeto de alguma coisa, a preparação dum quadro, ao passo que o esboço que é nossa vida não é o esboço de nada, é um esboço sem quadro."
"Einmal ist keinmal, uma vez não conta, uma vez é nunca. Não poder viver uma vida é como não viver nunca."
Se a filha do faraó não tivesse tirado das águas a cesta do pequeno Moisés, não teria havido o Velho Testamento e toda a nossa civilização. Se Pólipo não tivesse recolhido o pequeno Édipo, Sófocles não teria escrito sua mais bela tragédia... "
"Metáforas são perigosas. Não se brinca com as metáforas. Um amor pode nascer de uma simples metáfora"
"O sono compartilhado é o corpo de delito do amor"
"Todas as línguas derivadas do latim formam a palavra compaixão com o prefixo com e a raiz passio, que originalmente significa sofrimento . Em outras línguas, por exemplo em tcheco, em polonês, em alemão, em sueco, essa palavra se traduz por um substantivo formado com um prefixo equivalente seguido da palavra sentimento (em tcheco: SOUCIT; em polonês: WSPOL-CZUCIE; em alemão: MITGEFÜHL; em sueco: MED-KÄNSLA).
Nas línguas derivadas do latim, a palavra compaixão significa que não se pode olhar o sofrimento do próximo com o coração frio, em outras palavras sentimos simpatia por quem sofre. Uma outra palavra tem mais ou menos o mesmo significado: piedade (em inglês: PITY; em italiano: PIETÁ, ...), sugere mesmo uma espécie de indulgência em relação ao ser que sofre. Ter piedade duma mulher significa sentir-se mais favorecido que ela, é inclinar-se, abaixar-se até ela.
É por isso que a palavra compaixão inspira, em geral, desconfiança; designa um sentimento considerado de segunda ordem que não tem muito a ver com amor. Amar alguém por compaixão não é amor de verdade.
Nas línguas que formam a compaixão não com a raiz passio: sofrimento mas com o substantivo sentimento , a palavra é empregada mais ou menos com o mesmo, mas dificilmente pode se dizer que ela designa uma sentimento mau ou medíocre. A força secreta da etimologia banha a palavra com uma outra luz e lhe dá um sentido mais amplo: ter compaixão (co-sentimento) é poder viver com alguém sua infelicidade, mas também é sentir com esse alguém qualquer outra emoção: alegria, angústia, felicidade, dor. Essa compaixão (no sentido SOUCIT, WSPL-CZUCIE, MITGEFÜHL, MED-KÄNSLA) designa, portanto, a mais alta capacidade de imaginação afetiva - a arte da telepatia das emoções. Na hierarquia dos sentimentos, é o sentimento supremo."
"Em trabalhos práticos de física, qualquer aluno pode fazer experimentos para verificara a exatidão de uma hipótese científica. Mas os homens, porque não tem senão uma vida, não tem nenhuma possibilidade de verificar a hipótese através de experimentos, de maneira que não saberá nunca se errou ou acertou ao obedecer um sentimento"
"Aquilo que não é consequência de uma escolha, não pode ser considerado como mérito ou fracasso. Diante de um condição imposta é preciso encontrar a atitude certa"
"Viver significa ver. A visão é limitada por uma dupla fronteira: a luz intensa e a escuridão total. Os extremos delimitam a fronteira para além da qual a vida termina, e a paixão pelo extremismo, em arte como em política, é um desejo de morte disfarçado"
"SE ALGUÉM PROCURA O INFINITO BASTA FECHAR OS OLHOS"
Todos nós temos a necessidade de ser olhados. Podemos ser classificados em 4 categorias, segundo o tipo de olhar sob o qual queremos viver.
1º: procura o olhar de um número infinito de pessoas anônimas, ou seja, o olhar do público. Para este, ninguém pode substituir o olhar das pessoas desconhecidas.
2º: aqueles que não podem viver sem ser o foco de numerosos olhares familiares. São incansáveis organizadores de coquetéis e jantares, mais felizes do que os da 1ª categoria, que quando perdem seu público imaginam que a luz apagou na sala de suas vidas. É o que acontece a todos, mais dia menos dia. As pessoas da segunda categoria sempre conseguem arrumar quem as olhe.
3º: aqueles que tem necessidade de viver sob o olhar do ser amado. A situação destas pessoas é tão perigosa quanto a daqueles da 1ª categoria. Basta que os olhos do ser amado se fechem para que a sala fique mergulhada em escuridão.
4ª: mais rara, a daqueles que vivem sob o olhar imaginário dos ausentes. São os sonhadores."
"Deus encarregou o homem de reinar sobre os animais, mas podemos explicar isso dizendo que ele apenas emprestou ao homem esse poder. O homem não era proprietário mas apenas o gerente do planeta, e um dia teria de prestar contas de sua gestão"
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